segunda-feira, 18 de março de 2024

Class High



Quando comecei a frequentar igreja, o primeiro livro que comprei foi um chamado Satanismo na Igreja. Eu mostrei-o ao professor de história do Promove, que era autor da apostila que nós usávamos em sala. E eu sabia que ele não era parcial como comumente os autores são, pois não omitiu os podres de Lutero no capítulo sobre Reforma Protestante. Quando viu que era um livro de um pastor, ele me falou para tomar cuidado. Mas eu fiquei tipo, "Eu vou frequentar o quê? Igreja católica? Eu sou da rebeldia". Como eu mergulhei de cabeça desde o princípio e minha intenção nunca foi buscar um auxílio místico para "viver bem" no Egito, logo fui me convencendo que minha rebeldia era mais questionadora do que a "protestante". E como enquanto igreja eles nem eram tão mais radicais e avivados do que os "católicos", alguns anos depois resolvi ir em busca de um templo com uma arquitetura que me inspirasse na minha construção interior.

Parece que o castelo de conto de fadas favorito das meninas mineiras de "classe alta" se tornou um castelo de conto da cripta mesmo, uma escola da malícia. Certa vez, uma menina que fazia parte de uma comunidade de consagradas e liderava um grupo de jovens lá me falou que já estava em tempo de eu fazer o mesmo. Fiquei lisonjeado por alguém achar que o barman tinha condições para isso, já que por lá o único sentido de 'status' que elas costumam compreender é aquele vão e exterior de diploma de faculdade e seminário; elas querem alguém mais "elevado" para "casar" e "casá-las". Mas é lógico que eu me esquivei, só pensando comigo mesmo, "Isso está fora de cogitação, porque já deu problema citar Matrix na concorrente, então logo me chamariam para explicar a revolução que eu estou tentando começar aqui". O engraçado é que nessa época sugeriram-me isso no território de Lutero, que eu fosse divulgar minhas ideias malucas lá. Haha!

De fato, lá eles vigiam menos se a pessoa está andando "na linha", mas isso é algo que não promove nenhuma libertação quando ela não embarcou no Discipulado para trabalhar na Vinha, pois, sendo seu pensamento mundano, assim permanecerá para sempre sem um Mestre que ensine-lhe a Verdade. E eles têm essa doutrina que separa o povo em "religiosos" e leigos, como se entrar para o seminário fosse o mesmo que entrar para a Escola. Mas é a mesma história da distração em ambiente de faculdade; se ser como os alunos mais dedicados na busca por conhecimento não é sinal de amor da Sabedoria, porque o indivíduo pode estar sendo apenas um nerd de "religião", imagine ser como os "baladeiros" que só pensam em putaria. No fim, tanto um quanto o outro irá formar e receber o uniforme para exercer a "profissão", e ser igualmente respeitado pelo leigo, pelo ignorante oficial que também se contentou em "viver" fora da Sabedoria.

Até os alunos dedicados acham aquilo que leem chato, e não poderia ser de outra forma, pois só a Palavra é realmente interessante. E no seminário, será que eles não leem a Bíblia? Leem, mas o sentimento perverso facilmente domina o coração pobre e sem ambição; o Sentimento escondido é para os que buscam-NA como Ela é digna de ser buscada. Então eles só conseguem pensar em quando finalmente poderão fechar o livro e ir dançar no baile de favela. Ou seja, a "religiosidade" mecânica, a disciplina por obrigação e não satisfação, não pode salvar ninguém do dragão mecânico. O indivíduo que duvida, que inverte as coisas e interpreta Cristo como o ladrão da Vida, não sendo capaz de deixar "tudo" para trás e se aventurar em busca da Resposta, está fadado a pensar e sentir dentro da caixa. E é essa incredulidade a explicação do porquê tantas pessoas em templos desejando e buscando as mesmas "coisas" que o mundo e não a Verdade, construindo sobre a areia na margem impura.